13 de abril de 2014


Sem título, Série Trajetos de despedida, vídeo em loop, 2014





Trajetos de despedida me leva de volta ao que tinha deixado de ser a casa dos meus avós. O trabalho acontece sobre uma medida de espaço-tempo, em que o estado de pertencimento da casa flutuava em algum lugar, longe da rua Oliveira Pinto nº 195.

Durante 28 anos de convivência com a casa, estive atenta ao mapa impenetrável da organização dos objetos, onde cada detalhe ocupava seu devido lugar. Minha avó não consentia que as coisas pudessem se misturar e que alguém propusesse uma outra ordem no organismo de sua morada. Entrar na casa exigia cuidado.
No momento de esvaziamento do imóvel, me sinto ancorada à casa. Se abre uma brecha, um “entre”, um “imediatamente”, que me permite adentrar o espaço, para então conceber meu ritual de vínculo, de despedida, de desenho e de apagamento com o lugar.


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